Jornada de Leitura no Cárcere triplica participantes em segunda edição

A segunda edição da Jornada de Leitura no Cárcere foi encerrada nesta quinta-feira (23) consolidando avanços na área e a importância do evento no calendário judiciário, com o triplo de participantes em relação à primeira edição em 2020. A iniciativa conjunta entre Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Observatório do Livro e da Leitura reuniu mais de 9 mil inscritos, com 15,8 mil acessos para acompanhar o evento ao vivo em diferentes canais onde foi exibida ao longo de três tardes de programação.

Pessoas em privação de liberdade representaram quase 70% dos inscritos – Maranhão teve o maior número de participantes (2,5 mil), seguido do Ceará (1,7 mil) e Minas Gerais (855). “A Jornada de Leitura reafirma a importância de ações em direção à universalização do acesso à leitura e à escrita, ferramentas indispensáveis para a fruição dos direitos humanos fundamentais que ganham especial relevância nos estabelecimentos de privação de liberdade”, apontou o coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Sistema de Medidas Socioeducativas do CNJ, juiz Luís Lanfredi.

O evento foi realizado com o apoio do programa Fazendo Justiça, parceria entre o CNJ e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, com apoio do Departamento Penitenciário Nacional, para incidir em desafios no campo da privação de liberdade. Os 32 palestrantes reafirmaram a importância do acesso aos livros como mecanismo de fortalecimento da cidadania, do protagonismo e da integração social para pessoas privadas de liberdade, especialmente no contexto brasileiro em que mais da metade da população carcerária não tem o ensino fundamental, como apontam dados do Depen.

Participação

O último dia do evento foi encerrado com dois saraus, sendo um deles realizado pelo Clube de Leitura da Apac de Macau, no Rio Grande do Norte. Sentados em semicírculo, os internos leram poesias e cordéis próprios e de escritores consagrados. “Eu nunca pensei que iria ler um livro, eu não era muito fã de ler livros do começo até o fim. Consegui ler o do Gabriel Miranda, o que me trouxe muitas recordações de momentos maravilhosos e, assim, consegui escrever também”, contou Francisco Aldo Nascimento da Silva, antes de declamar seu poema.

“Assim como a natureza é bela
E as aves estão a voar e cantar sobre ela,
Assim também o meu pai, que é meu falcão, e minha mãe, que é a minha águia rainha,
Estão a voar e a cantar dentro do meu coração
Como é bonito o amor e a paixão”

Além de apresentar vídeos detalhando projetos em andamento em unidades prisionais, o evento debateu o papel das bibliotecas prisionais, a importância da leitura por meio de práticas não escolares e prática de leitura e escrita em ambientes prisionais. Também foram discutidas a importância dos clássicos e da literatura contemporânea e marginal, a criação literária em unidades prisionais e as diversas formas de apropriação da leitura.

A remição de pena por meio de leitura, regulamentada pelo CNJ em 2021 por meio da Resolução CNJ n. 391/2021, ganhou destaque na programação com o lançamento da nota técnica entre CNJ e Depen que apresenta estratégias para apoiar magistrados e gestores a implementarem a normativa. Para o coordenador da área de Cidadania do Fazendo Justiça, Felipe Athayde Lins de Melo, a nota será “não só um instrumento para auxiliar a implementação efetiva da Resolução 391, mas para monitoramento de sua execução”.

Assista ao evento completo:

Jornada de Leitura no Cárcere, Dia 1: https://www.youtube.com/watch?v=rUc5ye494dE&t=847s

Jornada de Leitura no Cárcere, Dia 2: https://www.youtube.com/watch?v=TQL_jLoEk8c&t=5416s

Jornada de Leitura no Cárcere, Dia 3: https://www.youtube.com/watch?v=V-Z-Mshgb3s

Renata Assumpção
Agência CNJ de Notícias

Fonte Oficial: https://www.cnj.jus.br/jornada-de-leitura-no-carcere-triplica-participantes-em-segunda-edicao/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=jornada-de-leitura-no-carcere-triplica-participantes-em-segunda-edicao.

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