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CPI das Apostas Esportivas aprova plano de trabalho e convite a Textor, do Botafogo

A CPI das Apostas Esportivas aprovou, em reunião na tarde desta quarta-feira (17), o plano de trabalho apresentado pelo relator, senador Romário (PL-RJ). Também foram aprovados 32 requerimentos com convites para depoimentos e pedidos de compartilhamento de informação. Um dos requerimentos aprovados é o de convite ao empresário dono do Botafogo, John Textor, que fez denúncias de manipulação de resultados no futebol (REQ 12/2024 – CPIAE). Ele deve comparecer à CPI na próxima segunda-feira (22), às 15h.

Segundo o plano do relator, a CPI vai trabalhar com coleta de depoimentos e compartilhamento de provas, buscando identificar as estruturas criminosas por trás da manipulação de resultados. O senador informou que vai pedir o compartilhamento de dados que a Câmara dos Deputados já tem sobre o assunto. Romário também disse que a comissão vai procurar identificar lacunas legislativas e propor projetos de lei para caracterizar crimes e prevenir sua ocorrência.

Outro objetivo da CPI será o de sugerir aos entes públicos medidas de fiscalização para combate aos crimes identificados. A comissão também poderá propor o indiciamento de pessoas físicas e sugerir punição a empresas, se for o caso. Segundo o plano de trabalho de Romário, o colegiado deve trabalhar até o mês de outubro.

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Com base em uma pesquisa da consultoria Ernest & Young, Romário disse que a cadeia de futebol movimenta mais de R$ 57 bilhões ao ano no país. Segundo o senador, o futebol está enraizado na matriz cultural do povo brasileiro. Romário apontou, no entanto, que o esporte também tem um lado obscuro, que demanda uma necessária fiscalização. Ele lembrou que os casos de manipulação de resultado vêm crescendo nos últimos anos, exigindo até operações policiais contra os envolvidos. De acordo com Romário, a CPI vai trabalhar para deixar “nossa principal modalidade esportiva livre de corrupção e manipulações”.

— O futebol é mais que uma paixão nacional brasileira. Sua importância social, política e econômica ultrapassa fronteiras e mobiliza dezenas de milhões de torcedores. A seleção escalada para participar desta CPI é de senadores determinados a descobrir a podridão que existe no nosso futebol. Juntos, vamos conseguir dar uma grande resposta à sociedade — declarou Romário.

O presidente da comissão, senador Jorge Kajuru (PSB-GO), exaltou o fato de os integrantes da CPI serem apaixonados por futebol. Ele lembrou que Romário foi jogador de sucesso, e o vice-presidente da comissão, Eduardo Girão (Novo-CE), foi dirigente de time de futebol. O próprio Kajuru foi jornalista esportivo por mais de três décadas.

Kajuru disse que as denúncias são gravíssimas e envolvem empresas, dirigentes, jogadores e árbitros. Ele lembrou que uma CPI é um instrumento de fiscalização do Congresso Nacional. O senador ainda disse ter ciência de que a CPI vai enfrentar obstáculos, inclusive o descrédito de certos setores da imprensa e da sociedade. Kajuru afirmou, porém, ter certeza do apoio da torcida, de entidades ligadas ao futebol e dos órgãos de fiscalização:

— Esta CPI, não tenho nenhuma dúvida, fará história. Pra ficar na linguagem do futebol, não vai terminar em zero a zero. Ao fim dessa CPI, o Brasil será mais capaz de enfrentar a corrupção no futebol e, assim, manter a credibilidade do futebol, que é uma das maiores manifestações culturais do país. Que Deus nos ilumine!

Requerimentos

Entre os requerimentos aprovados, está o que pede à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que compartilhe “as informações recebidas pela entidade, advindas dos sistemas de detecção de fraudes da empresa SportRadar, em relação às 109 partidas de futebol ocorridas em território nacional com suspeita de manipulação no ano de 2023, de acordo com relatório da própria empresa”. Kajuru é o autor desse requerimento (REQ 1/2024 – CPIAE).

Também há requerimentos que pedem ao Ministério Público de Goiás informações sobre a Operação Penalidade Máxima (REQ 6/2024 – CPIAE) e solicitam ao Ministério Público do Distrito Federal informações sobre a Operação Fim de Jogo (REQ 7/2024 – CPIAE). As duas operações investigam manipulação de resultados de partidas de futebol. O senador Romário é autor dos dois requerimentos. Também há pedidos de compartilhamento de informações e requerimentos para cessão de servidores.

Outro requerimento aprovado (REQ 21/2024 – CPIAE), de autoria de Kajuru, convida o presidente do Vila Nova Futebol Clube, Hugo Jorge Bravo, para falar à CPI. Segundo o requerimento, Bravo foi o primeiro dirigente do país a denunciar as suspeitas de manipulação de resultados.

Kajuru também é o autor dos convites ao presidente do São Paulo Futebol Clube, Julio Casares (REQ 24/2024 – CPIAE), e à presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras, Leila Pereira (REQ 23/2024 – CPIAE). Segundo denúncia de John Textor, cinco jogadores do São Paulo teriam atuado abaixo do ideal em um jogo contra o Palmeiras no campeonato brasileiro do ano passado. A partida terminou em 5 a 0 para o Palmeiras e representou uma virada na campanha que terminaria com o título para a equipe alviverde. Palmeiras e São Paulo já anunciaram a intenção de processar Textor. 

CPI

A CPI das Apostas Esportivas foi instalada na última quinta-feira (11). Criada por um requerimento do senador Romário (RQS 158/2024), a comissão é composta por 11 senadores titulares e 7 suplentes, com previsão de durar 180 dias.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte Oficial: Agência Senado

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