Com as eleições de 2026 se aproximando, o enfrentamento das fake news no âmbito do Direito Eleitoral tornou-se um dos maiores desafios para a preservação da lisura do processo democrático no Brasil. Recentes alterações legislativas e regulamentações expedidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reforçaram os mecanismos de combate à desinformação, estabelecendo responsabilidades mais rígidas para partidos, candidatos e plataformas digitais. A meta é equilibrar a liberdade de expressão com a necessidade de proteger a integridade das eleições diante da proliferação de conteúdos enganosos que podem influenciar o voto popular.
A Lei nº 14.811/2024 introduziu mudanças relevantes no Código Eleitoral e em normas conexas, tipificando penalmente a disseminação massiva de fake news com o objetivo de prejudicar o processo eleitoral. Além disso, novas resoluções do TSE ampliaram a obrigação das plataformas digitais em identificar, remover rapidamente e combater conteúdos fraudulentos, especialmente em casos de desinformação sobre candidatos, partidos, funcionamento das urnas eletrônicas e resultados das eleições.
Marcos Soares, analista jurídico do Portal do Magistrado, avalia que “o novo arcabouço jurídico eleitoral busca dar respostas mais rápidas e eficazes ao fenômeno das fake news, mas sua efetividade dependerá de uma atuação integrada entre Justiça Eleitoral, plataformas digitais e a própria sociedade”. Segundo ele, o grande desafio será equilibrar o combate à desinformação sem comprometer direitos fundamentais como a liberdade de manifestação e o debate público plural.
Entre as principais inovações, destaca-se a previsão de responsabilidade solidária das plataformas em casos de omissão no cumprimento de ordens judiciais de remoção de conteúdos ilícitos. Essa responsabilização reforça a ideia de que as empresas de tecnologia não podem se isentar de seu papel na manutenção de um ambiente digital saudável durante o período eleitoral. Também foram aprimorados os instrumentos de denúncia, as regras para impulsionamento de conteúdo político e a transparência de algoritmos utilizados para a disseminação de informações.
A Justiça Eleitoral, por sua vez, investe cada vez mais em iniciativas de educação midiática e parcerias institucionais para conscientizar a população sobre os riscos das fake news. As campanhas oficiais e os canais de verificação de informações já começam a fazer parte da estratégia nacional de proteção ao processo eleitoral, alinhando o Brasil às melhores práticas internacionais no tema.
Com esse novo contexto normativo, candidatos, partidos e eleitores terão que lidar com regras mais rigorosas e com um ambiente virtual sujeito a maior fiscalização, elevando o nível de responsabilidade jurídica nas comunicações políticas digitais.