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Audiências de Custódia: Técnicas para Juízes e Promotores que Escolhem com Critério

Desde sua implantação, as audiências de custódia têm representado um marco importante na proteção dos direitos fundamentais no sistema de justiça criminal brasileiro. Criadas para garantir a apresentação rápida da pessoa presa ao juiz — idealmente em até 24 horas após a detenção —, essas audiências vão muito além de uma simples formalidade. São momentos decisivos em que juízes e promotores avaliam, com critério técnico e sensibilidade jurídica, a legalidade da prisão, a existência de maus-tratos e a necessidade de manter ou não a privação de liberdade.

Para que essa avaliação seja feita de forma eficiente e justa, magistrados e membros do Ministério Público precisam dominar não apenas os fundamentos legais da custódia, mas também técnicas práticas que garantam uma atuação ética, objetiva e fundamentada.

A Importância da Técnica na Decisão Judicial

A Resolução nº 213/2015 do CNJ regulamenta as audiências de custódia e estabelece parâmetros que orientam a decisão judicial. Juízes atentos utilizam checklists objetivos, baseados em elementos do auto de prisão em flagrante, antecedentes, vínculos sociais e gravidade do delito, para decidir sobre liberdade provisória, imposição de medidas cautelares ou conversão em prisão preventiva.

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O uso de linguagem clara, a escuta ativa e a valorização do contraditório são técnicas essenciais para garantir legitimidade à decisão proferida. A fundamentação precisa ser robusta e proporcional, pois a custódia é um momento crítico para assegurar o respeito ao devido processo legal.

O Papel Ativo do Promotor de Justiça

Durante a audiência de custódia, o promotor também tem um papel essencial na análise da legalidade da prisão e na proposição de medidas. Seu posicionamento deve considerar tanto o interesse público na persecução penal quanto os direitos individuais da pessoa presa.

O uso de protocolos de risco, especialmente em casos de violência doméstica, e a análise da reincidência ou da conduta do agente, ajudam a embasar requerimentos que realmente correspondam à realidade concreta. O promotor que atua com critério evita decisões genéricas e colabora para a efetividade da justiça.

Marcos Soares: “A técnica é o antídoto contra o automatismo”

Para Marcos Soares, jornalista do Portal do Magistrado e especialista em cobertura jurídica, a maior ameaça às audiências de custódia é o automatismo: “A técnica é o antídoto contra a repetição mecânica. Juízes e promotores que dominam os fundamentos, mas também aplicam escuta sensível e análise criteriosa, transformam a custódia em um verdadeiro instrumento de justiça. O risco da banalização é real — e só se combate com preparo e consciência de que cada decisão envolve vidas”.

Boas Práticas que Qualificam a Audiência

Entre as técnicas mais eficazes adotadas por juízes e promotores experientes estão:

  • Entrevistas diretas e respeitosas, que permitem avaliar o estado físico e psicológico do custodiado;
  • Uso de relatórios policiais e sociais para embasar decisões individualizadas;
  • Consulta a bancos de dados sobre antecedentes e medidas protetivas em vigor;
  • Análise integrada com o sistema de justiça restaurativa, quando cabível;
  • Participação ativa de defensores para garantir a paridade de armas processuais.

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