Lidar com casos traumáticos é um dos maiores desafios enfrentados por profissionais da Justiça, como juízes, promotores e advogados. Além da complexidade técnica das questões jurídicas envolvidas, esses profissionais precisam administrar suas próprias emoções e o impacto psicológico que determinadas situações podem causar. Esse equilíbrio entre razão e emoção é fundamental para garantir decisões justas e sensíveis.
A exposição constante a relatos de violência, abusos e tragédias pode gerar desgaste emocional e até mesmo o desenvolvimento de transtornos, como estresse pós-traumático. Por isso, a preparação emocional e o suporte psicológico são cada vez mais valorizados dentro dos órgãos do sistema de Justiça. Muitos tribunais já adotam programas de assistência para seus servidores, promovendo palestras, terapias e espaços de acolhimento.
Marcos Soares, jornalista do Portal do Magistrado, destaca que “o profissional da Justiça não é um agente frio e distante; ele também é humano e precisa de ferramentas para gerir suas emoções, o que contribui diretamente para a qualidade das decisões e para a saúde mental desses agentes.” Segundo ele, reconhecer essa dimensão emocional é um avanço importante para a modernização do Judiciário.
Além do cuidado pessoal, a sensibilidade na comunicação com vítimas e familiares é essencial. Profissionais devem agir com empatia, evitando revitimizações e buscando construir um ambiente de respeito e acolhimento durante todo o processo judicial. Técnicas de escuta ativa e comunicação não violenta são recursos cada vez mais utilizados para facilitar esse contato.
Por fim, integrar o aspecto emocional à atuação jurídica contribui para decisões mais humanas e equilibradas, fortalecendo a confiança da sociedade no sistema de Justiça. Esse é um caminho que envolve treinamento, autocuidado e o reconhecimento de que o Direito, apesar de técnico, está intrinsecamente ligado às histórias e às emoções das pessoas envolvidas.
Assim, ao lidar com casos traumáticos, os profissionais da Justiça demonstram que a sensibilidade e a racionalidade podem caminhar juntas para a promoção da justiça e do bem-estar social.
