in

Justiça brasileira intensifica alinhamento ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou oficialmente a terceira fase do Pacto Nacional do Judiciário pelos Direitos Humanos. Sob o lema “Todo juiz nacional é um juiz interamericano”, a nova etapa marca um avanço significativo na incorporação dos parâmetros do Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH) na atuação do Judiciário brasileiro. A cerimônia foi realizada na manhã desta quarta-feira (22/10), no Supremo Tribunal Federal (STF). 

O presidente do CNJ e do STF, ministro Edson Fachin, afirmou que a nova fase tem como objetivo incentivar a magistratura brasileira a intensificar o diálogo com o SIDH para a incorporação prática dos parâmetros protetivos internacionais. O ministro destacou a elaboração do Estatuto da Magistratura Brasileira Interamericana, uma iniciativa pioneira, que estabelecerá diretrizes, práticas e responsabilidades de juízas e juízes brasileiros à luz do Sistema Interamericano.   

“A normativa orientará os tribunais brasileiros a apoiarem a magistratura na aplicação da jurisprudência interamericana, reforçando o compromisso das magistradas e magistrados com a promoção dos direitos humanos”, disse Fachin.  Durante a cerimônia, o ministro apresentou a nota técnica favorável à tipificação do crime de desaparecimento forçado de pessoas – aprovada por unanimidade pelo Plenário do órgão no dia 14 de outubro – e encaminhada ao Congresso Nacional, em cumprimento a uma determinação da Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH).   

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Ao todo, 11 ações estratégicas compõem essa nova fase, que busca tornar o controle de convencionalidade –  que garante a compatibilidade das leis brasileiras com os tratados internacionais do tema – uma prática cotidiana em todas as instâncias da Justiça. A coordenação das ações está a cargo da Unidade de Monitoramento e Fiscalização das Decisões do Sistema Interamericano de Direitos Humanos (UMF/CNJ), que atua no fortalecimento da cultura de direitos humanos e na articulação com tribunais e unidades locais. O Brasil é o único país com uma estrutura nacional dedicada exclusivamente ao monitoramento das decisões da Corte IDH.  

Exemplo brasileiro

Presente na cerimônia, a presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Nancy Hernandez, destacou que o dia de hoje é muito importante para a Justiça interamericana, para a democracia e para os direitos humanos, mas sobretudo para as vítimas por trás dos casos. “O Brasil é um exemplo para toda a região por integrar a Justiça internacional à justiça nacional, e por seu respeito à democracia. O país demonstra que a maturidade de sua democracia, que é medida pela integridade de seus juízes e juízas e pela firmeza com que defendem os direitos de todas as pessoas”, completou.   

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo dos Santos, afirmou que ao consultar os casos já sentenciados pela Corte Interamericana percebe-se o histórico de impunidade e opressão do Estado brasileiro, em especial quando se trata dos grupos socialmente vulnerabilizados. Para ela, a capacitação do Judiciário em direitos humanos é um compromisso de não repetição dessas violações.   

“A decisão tomada pelo Judiciário brasileiro de defender a proteção dos direitos humanos é corresponder ao grito dos invisibilizados e excluídos (…) Quando capacitamos nosso judiciário, estamos emancipando vidas”, reforçou.   

“É uma honra e uma emoção estarmos vivendo esse momento histórico de pulverização dessa Política Judiciária pelos direitos humanos. Com a terceira fase agora em curso, o CNJ reafirma seu papel como articulador de uma Justiça mais humanizada, conectada com os princípios universais de dignidade, liberdade e igualdade”, afirmou a jurista Flávia Piovesan, coordenadora-científica da UMF.   

Diretora-executiva do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul, Andressa Caldas citou que, concomitantemente ao lançamento do Pacto, também está sendo iniciada a 3ª edição do Curso Internacional de Cumprimento de Sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos e de Políticas Públicas. A ideia é fortalecer a capacidade dos atores do sistema de justiça responsáveis diretos pela implementação das decisões da Corte Interamericana de Justiça.   

O curso foi iniciado em 2023, e, na avaliação de Andressa Caldas, tem sido um espaço de referência e de aprendizado coletivo para a cooperação técnica entre funcionários do Poder Executivo e Judiciário, assim como do sistema de justiça, organismos de direitos humanos, da sociedade civil, do Brasil assim como de diferentes países das Américas, agindo no sentido de capacitar a todos em relação aos direitos humanos.   

 Também estavam presentes o coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e de Medidas Socioeducativas (DMF/|CNJ), Luis Lanfredi, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Rogerio Schietti, o conselheiro do CNJ Pablo Coutinho, e o conselheiro Antônio Magalhães Teixeira, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).    

Sobre o Pacto 

O Pacto foi lançado em março de 2022, e, desde então, tem promovido uma transformação progressiva na forma como o Judiciário brasileiro se relaciona com os compromissos internacionais assumidos pelo país. 

Acesse mais fotos da cerimônia no Flickr do STF

Texto: Regina Bandeira
Edição: Thaís Cieglinski
Agência CNJ de Notícias 

Fonte Oficial: Portal CNJ

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Adiada votação de destaques ao projeto de compensação do tarifaço

Governo apresenta projeto que agrava pena para organizações criminosas