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Processo Eletrônico: Armadilhas Comuns para Advogados Iniciantes


Com a digitalização da Justiça brasileira, o processo eletrônico se tornou regra em praticamente todas as esferas do Judiciário. Apesar de representar avanços em celeridade e acesso remoto, o ambiente virtual também trouxe novos desafios especialmente para advogados iniciantes, que muitas vezes subestimam as especificidades e exigências desse formato. O domínio técnico das plataformas digitais e a atenção redobrada aos detalhes processuais passaram a ser tão importantes quanto o próprio conteúdo das petições.

Entre as armadilhas mais comuns está a má organização dos documentos anexados. É frequente que advogados juntem arquivos com nomes genéricos, fora de ordem ou com tamanhos excessivos, dificultando a leitura pelo juiz e podendo inclusive causar o indeferimento de pedidos urgentes. Outro erro recorrente é o envio de peças em formatos incompatíveis ou corrompidos o que, no ambiente digital, pode implicar em perda de prazos e prejuízo à parte representada.

A contagem de prazos é outro ponto crítico. Embora o sistema muitas vezes indique o andamento processual, o controle de prazos continua sendo responsabilidade exclusiva do advogado. Ficar dependente de notificações automáticas ou não conferir o Diário da Justiça pode ser fatal. Além disso, há peculiaridades nas contagens eletrônicas, como feriados locais, que nem sempre estão corretamente registrados nas plataformas.

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A falta de domínio das funcionalidades dos sistemas (como o PJe, e-SAJ ou Projudi) também compromete o desempenho do profissional. Muitos advogados iniciantes demoram para aprender a usar ferramentas básicas, como assinar digitalmente, protocolar corretamente, gerar autos suplementares ou consultar decisões ocultas no sistema. O desconhecimento técnico pode gerar sensação de insegurança e até afastar bons profissionais da prática forense.

Outro cuidado indispensável diz respeito à comunicação com o cliente. Com o processo eletrônico, o acesso ao andamento se torna quase instantâneo, e o advogado precisa estar preparado para responder dúvidas com rapidez, interpretar decisões e explicar medidas cabíveis evitando que o cliente se antecipe, tire conclusões erradas ou até prejudique a própria estratégia jurídica.

Marcos Soares, do Portal do Magistrado, avalia que “o processo eletrônico exige um novo tipo de advocacia: mais técnica, mais atenta e mais transparente. A pressa em protocolar ou a falta de revisão pode custar caro. Por isso, o domínio do sistema é, hoje, um requisito de atuação ética e eficaz.”

Por fim, é essencial lembrar que a formalidade continua valendo, mesmo no meio digital. Isso significa cuidado com a linguagem, respeito aos prazos e zelo na apresentação das peças. A informalidade do ambiente virtual não pode contaminar a qualidade da atuação processual.

Evitar essas armadilhas é uma questão de estudo, prática e atenção contínua às atualizações dos sistemas. O processo eletrônico não é um obstáculo mas sim, uma ferramenta poderosa, desde que bem compreendida. Para o jovem advogado, o domínio desse ambiente pode ser justamente o diferencial que abre portas e demonstra profissionalismo em tempos de Justiça digital.

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